Author Archives: andre cravo

Você sabia que o cérebro não sente dor?

Quando você se machuca ou está com algum problema, receptores especializados no local da lesão são ativados e conduzem esta informação por meio dos nervos até a medula espinhal e o cérebro. É no cérebro que esta informação é detectada e processada; e então a temos a sensação da dor.

Isso tudo acontece em uma fração de segundo, mas muitas coisas acontecem durante esse pequeno tempo. Quando o sinal chega na sua medula espinhal, ela pode enviar mensagens para que se gerem reflexos para evitar o estímulo nocivo que está causando a dor: é assim que nossa mão se move rapidamente para longe de uma panela quente quando tocamos sem querer nela. Mesmo após esta resposta comportamental (mover a mão), o sinal que chegou na medula é conduzido até o cérebro para que aquele estímulo seja reconhecido como doloroso.

O cérebro detecta e processa a presença de estímulos nocivos que podem causar dor de maneira complexa. A dor é um mecanismo de proteção, ela sinaliza que algo está errado e o cérebro a analisa para que possa tomar providências para consertar o problema. Até a memória está envolvida nisso: é pela memória que o seu cérebro sabe se a dor que você sente é perigosa ou não, se baseando nas experiências que você já teve no passado. Por isto quando vamos pegar em uma panela quente, após ter passado pela experiência de sentir dor ao encostar a mão na superfície quente, utilizamos algum utensílio para evitar que aconteça novamente.

Mas, voltando a pergunta inicial que te trouxe até aqui: Não, o cérebro não sente dor nele mesmo. Isso porque ele não possui receptores próprios de dor. Ele apenas recebe e processa as dores de todo o resto do corpo.

Quando temos dores de cabeça, elas não são seu cérebro doendo. Normalmente elas são relacionadas às redes neurovasculares, por onde circula todo o sangue que irriga seu cérebro, às meninges, camadas que protegem o cérebro, aos músculos da cabeça, ou problemas em outras regiões como às mucosas dos seios da face que quando inflamam geram a sinusite. Embora o cérebro não sinta dor, ele é o órgão principal no processamento e reconhecimento dos estímulos que geram a dor.

E como o cérebro não sente dor, cirurgias no cérebro podem ser feitas com o paciente acordado (apesar da anestesia local que permite as incisões).  Isso inclusive facilita muito o trabalho do cirurgião, que pode ir conferindo enquanto trabalha se o paciente não está sendo gravemente afetado.

*Texto escrito pelos alunos dos projetos de extensão vinculados ao Bacharelado em Neurociência da UFABC

Semana do Cérebro

PrintA Semana do Cérebro é uma campanha global de divulgação dos avanços e benefícios resultantes dos estudos em Neurociência, uma iniciativa da DANA Foundation – uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo ampliar o conhecimento em Neurociência. A cada ano, no mês de março, Universidades, Hospitais e outras organizações unem-se durante uma semana, para realizar um esforço coletivo de popularização dos conhecimentos neurocientíficos. Ao redor de todo o mundo acontecem dias de visitas à laboratórios, exposições e palestras sobre o cérebro, campanhas em redes sociais, workshops em salas de aula e muito mais. Em 2014, a Semana do Cérebro chega à sua 19ª edição. No Brasil, é possivel ver a agenda de eventos neste link.

1898707_659583840764851_1017267684_oUm dos objetivos do projeto de extensão Pense Brain! da Universidade Federal do ABC é trazer este movimento global à região da universidade, no ABC. Em parceria com o Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP, o grupo realizará atividades para a Semana nos dias 11 a 22 de março para que sejam ampliados os esforços na divulgação dos conhecimentos em Neurociências. Com o tema “Como lidar com o estresse do dia-a-dia” pretende-se dialogar com a população de diversas faixas etárias, mostrando como é possível ter atitudes saudáveis e uma vida melhor.

Eventos:

Parque Ibirapuera
Data: 15 de março de 2014
Horário: 9h às 17h
Local: Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral – Vila Mariana, São Paulo – SP
Dentro do parque: Arena em frente à ponte de ferro
Público-alvo: População de todas as idades
Custo: Evento gratuito, não há necessidade de inscrição.
Atividades: tarefas de memória, meditação e relaxamento (adultos), contação de histórias e atividades de pintura (crianças). Todas as atividades serão acompanhadas por docentes e alunos de graduação e pós-graduação, com explicações sobre as bases neurais e a anatomia do sistema nervoso.

Exibição de filme com debate: ”Uma mente brilhante“ (A Beautiful Mind – EUA – 2001)
Data: 18 de março de 2014
Horário: 17h às 19h
Local: Auditório 003, bloco Beta, SBC

Exibição de filme com debate: “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” (Eternal sunshine of the spotless mind – EUA – 2004)
Data: 21 de março de 2014
Horário: 14h às 16h
Local: Anfiteatro 107-0, bloco A, SA

Parque Regional da Criança
Data: 22 de março de 2014
Horário: 9h às 17h
Local: Parque Regional da Criança, Av. Itamarati, 536 – Parque Jaçatuba – Santo André – SP
Dentro do parque: a definir
Público-alvo: População de todas as idades
Custo: Evento gratuito, não há necessidade de inscrição.
Atividades: tarefas de memória, meditação e relaxamento (adultos), contação de histórias e atividades de pintura (crianças). Todas as atividades serão acompanhadas por docentes e alunos de graduação e pós-graduação, com explicações sobre as bases neurais e a anatomia do sistema nervoso.

Estão todos convidados, levem suas crianças!

Ajudem na divulgação!

Pesquisador brasileiro fala de sua pesquisa em podcast

Nesta edição do Brain Science Podcast, o entrevistado é o pesquisador brasileiro Luiz Pessoa.  Para quem não conhece, o Brain Science Podcast é um podcast dedicado a assuntos ligados à neurociência.

A cada edição, a apresentadora Ginger Campell entrevista um pesquisador sobre sua área de interesse. São entrevistas relativamente longas que duram em torno de 40 a 50 minutos. Nesta edição o convidado é Luiz Pessoa, pesquisador que atualmente está na Universidade de Maryland. Ele é um dos principais pesquisadores que trabalha na relação entre emoção e cognição. É dele, inclusive, o artigo sobre o assunto na Scholarpedia.

Para quem gosta do assunto, vale a pena ouvir. Para ver uma lista de outros podcasts que tratam de neurociência, vale a pena ver este post aqui (meio antigo, mas a maioria dos sites ainda existem).

Divulgação Científica

Tradicionalmente, o jeito mais conhecido de divulgar resultados científicos é por meio de artigos publicados em revistas especializadas. Entretanto, nos últimos anos uma nova forma de divulgar ciência tem crescido: a divulgação por meio de blogs e sites.

Ao contrário do que ocorre em revistas especializadas, o objetivo destes sites é tentar explicar e discutir, de maneira mais simplificada a importância de diferentes descobertas científicas. Em um artigo publicado no Journal of Neuroscience, o pesquisador David Eagleman escreveu um manifesto defendendo a importância deste tipo de divulgação. Neste manifesto, ele lista seis motivos pelos quais ele julga ser importante cientistas participarem da divulgação. Não vou discutir aqui todos os itens, mas de maneira geral ele defende a importância de cientistas em ajudarem a contextualizar a importância e a limitação de diferentes descobertas.

Apesar deste trabalho ser recente, uma série de blogs já tem feito isso em Neurociências. Entre outros, vale a pena os blogs BrainBox, Neuroskeptic e o blog do Earl Miller, professor do MIT. No Brasil, também temos bons blogs de discussão científica, como o Coletivo AcidoCetico e o Prisma Científico.

Entretanto, em Neurociência, ainda são poucos blogs que fazem isso, com exceção do site da Profa. Suzana Herculano. Por isso, os professores e alunos da UFABC resolveram criar este blog justamente para isso. Aqui vamos discutir trabalhos relevantes em Neurociência de maneira critica sempre contextualizando a importância dos achados.