A Interação dos pais ajuda no aprendizado de fala dos filhos?

Por Kaue Person

Estudos afirmam que os bebês antes mesmo de nascer conseguem ouvir e perceber os sons emitidos por suas mães. Depois do nascimento, durante seu primeiro ano de vida, as crianças tem uma capacidade muito grande de perceber e reconhecer sons, os chamados fonemas.

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Porém, com o passar do tempo, graças a exposição dessas crianças a sua língua nativa, essa grande capacidade de reconhecimento sofre uma redução, porque as crianças começam a prestar mais atenção aos fonemas mais frequentes no seu dia a dia, e assim, cada vez mais vão deixando de reconhecer outros fonemas não presentes em sua língua nativa, até os esquecerem.

Essa redução acontece entre os seis e doze meses de idade, mesmo período em que a percepção de sua língua nativa aumenta bastante, o que mostra uma relação entre o aprendizado de sua língua natal e a redução na percepção de sons presentes em outros idiomas.

Pesquisadores organizaram um estudo para examinar o aprendizado de fonemas de línguas estrangeiras na infância e o papel da presença humana nesse processo, assumindo que a redução na percepção de fonemas é evitável.

kids_readingPara isso, trinta e duas crianças americanas de nove meses de idade foram selecionadas e divididas em dois grupos de dezesseis crianças. Um dos grupos foi submetido a doze sessões de leitura e brincadeiras em mandarim. O outro grupo, de controle, também foi submetido a doze sessões de leitura e brincadeiras, mas nestas sessões as pessoas que tinham contato com as crianças falavam somente inglês.

Depois disso, as ondas neurais das crianças foram medidas quando elas ouviam palavras em mandarim, e foi visto que as crianças que participaram das sessões em mandarim tinham percepção dos sons, enquanto as crianças do outro grupo, o grupo controle não registraram sinais de reconhecimento dos fonemas.

Podemos explicar isso pelo fato de que as crianças foram expostas mais tempo ao inglês e acabaram por perder a capacidade de percepção de fonemas diferentes aos presentes em sua língua nativa. Da mesma forma, submeter as crianças a sessões de mandarim fez com que elas se tornassem capaz de reconhecer os fonemas deste idioma. Nota-se que ocorreu uma desaceleração na redução da percepção de fonemas destas crianças, assim como os cientistas previam.

Outro ponto analisado foi o da importância da interação humana para o aprendizado de fonemas. Para isso, novamente crianças foram escolhidas e divididas em dois grupos, um deles foi submetido a sessões de mandarim com recursos audiovisuais, e o outro grupo com recursos somente auditivos.

O mesmo teste de ondas neurais do primeiro experimento foi realizado e, por incrível que pareça, os mesmos resultados do grupo controle do primeiro experimento, que não foi exposto ao mandarim em momento algum, foram observados para os dois grupos neste segundo experimento.

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“Quando eu crescer, quero ser…”

Esses resultados sugerem que aprendizado fonético é mais do que apenas informações visuais ou auditivas, nesta idade ele é influenciado e melhorado pela presença de uma pessoa  ao vivo. A presença humana atrai a atenção da criança e motiva seu aprendizado, como podemos perceber no estudo, já que no primeiro experimento houve aprendizado fonético juntamente com interação humana, e no segundo experimento, que não houve interação, não foram registrados sinais de aprendizado.

Com estes dados, os cientistas suportam a teoria de que a aquisição da linguagem inicial, tem como base um conjunto de habilidades, de percepção, de conhecimento, e sociais. As características que facilitam a aquisição da linguagem em crianças pode ter influenciado a natureza da própria linguagem, em condições naturais.

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Referências

KUHL, Patricia et al. Foreign-language experience in infancy: Effects of short-term exposure and social interaction on phonetic learning. Center for Mind, Brain, and Learning, and Department of Speech and Hearing Sciences, University of Washington, Mailstop 357920, Seattle, WA 98195

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