Data: 23/03/16 (Quarta-Feira)
Hora: 12h50
Local: Bloco Beta, Auditório A005 (campus São Bernardo do Campo)
Palestrante: Cleiton Lopes Aguiar (USP)
Seminário:
Influência de ripples hipocampais em processos de consolidação de memória
Sharp-wave ripples (SWRs) são flutuações dos potenciais de campo locais registradas extracelularmente na região CA1 do hipocampo. Tais eventos têm duração média de 100 ms e ocorrem durante repouso ou sono de ondas lentas.
SWRs são caracterizadas por uma salva populacional de disparos em CA3, seguida de ondulações (ripples) de campo com frequência entre 100 a 250 Hz, produzidas por reverberação da microcircuitaria inibitória de CA1. Cerca de 50 a 100 mil neurônios disparam de forma coordenada durante um evento de SWR, fazendo com que este seja o evento mais síncrono e com o maior ganho já descrito no cérebro de mamíferos (Buzsaki, 1989; 2015). Mais especificamente, os eventos de SPW-Rs parecem ser especialmente importantes no processo de formação de memória, pois são capazes de gerar repetição das sequências de disparos exibidas pelas células de lugar (place cells) durante o comportamento exploratório, reativando e fortalecendo engramas previamente formados. Além disso, as SWRs são capazes de evocar padrões precisos de atividade em regiões corticais, favorecendo a transferência de informação hipocampo-cortical.
De fato, trabalhos anteriores mostraram que a perturbação seletiva das SWRs resulta em prejuízos de formação de memória espacial. Um estudo recente forneceu evidências importantes de que a diminuição da incidência de SWRs, por meio de perturbação optogenética durante sono subsequente ao aprendizado, é capaz de prejudicar a formação de memória contextual aversiva (Wang et al, 2015). Considerando que a comunicação hipocampo-córtex frontal representa uma das principais vias de saída de informação do hipocampo, uma hipótese plausível é de que o processo de formação de memória contextual aversiva envolva alterações de plasticidade sináptica de longo prazo corticais produzidas por eventos de SWRs.
Nesta palestra serão dados exemplos de abordagens experimentais e será discutido como a utilização da optogenética associada a ferramentas open source em eletrofisiologia podem ajudar na superação dos principais desafios científico-tecnológicos dentro desse campo de pesquisa em neurobiologia do sono e memória.
Cleiton Lopes Aguiar
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (USP), mestrado em Ciências – modalidade Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) – USP e doutorado pelo mesmo programa. Realizou doutorado sanduíche por 12 meses (Janeiro a Dezembro de 2013) no Instituto Karolinska – Suécia.
Tem experiência nas áreas de Psicologia Experimental, Neurofarmacologia e Eletrofisiologia e Optogenética in vivo. Durante doutorado sanduíche, estudou a dinâmica dos padrões oscilatórios e atividade multiunitária no córtex pré-frontal medial de camundongos e sua modulação optogenética, por meio da ativação temporalmente precisa de interneurônios parvalbumina positivos (PV+).
Atualmente, faz parte do grupo de pesquisa do Laboratório de Investigação em Epilepsia, coordenado pelo Prof. Dr. João Pereira Leite e desenvolve projeto de pós-doutorado sobre o Controle optogenético in vivo da comunicação hipocampo-córtex pré-frontal medial durante sono subsequente ao aprendizado em colaboração com o Neural Circuits and Memory Lab, coordenado pelo Prof. Dr. Kamran Diba da University of Wisconsin – Milwaukee.
Confira o local no mapa <https://www.google.com.br/maps/place/R.+Arcturus,+3+-+Jardim+Antares,+S%C3%A3o+Bernardo+do+Campo+-+SP,+09606-070/@-23.6778077,-46.5627042,794m/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x94ce43a830e9eeb5:0x236cd49a8954b602!6m1!1e1>.