Seminário: Avaliação dos efeitos do antioxidante N-Acetil-L-Cisteína em um modelo animal de esquizofrenia baseado no neurodesenvolvimento utilizando o acetato de metilazoximetanol

Data:  13/04/16 (Quarta-Feira)
Hora:  12h50
Local: Bloco Beta, Auditório A005 (campus São Bernardo do Campo)
Palestrante: Inda Lages Nascimento (UFABC)

Seminário:
Avaliação dos efeitos do antioxidante N-Acetil-L-Cisteína em um modelo animal de esquizofrenia baseado no neurodesenvolvimento utilizando o acetato de metilazoximetanol

O fortalecimento da hipótese de neurodesenvolvimento deficiente na esquizofrenia tem levado à utilização de modelos animais baseados em intervenções nesta fase. Um destes é o modelo que consiste na injeção do antimitótico acetato de metilazoximetanol (MAM) no décimo sétimo dia de gestação de ratas Wistar. Os filhotes destas ratas apresentam na fase adulta uma série de prejuízos comportamentais e neuroquímicos, tais como déficits no filtro sensório-motor, redução de interação social e hiperresponsividade a psicoestimulantes, evidências estas que se assemelham a alguns sintomas da esquizofrenia.
Estudos apontam para uma redução do antioxidante endógeno glutationa (GSH) no líquido cefalorraquidiano de pacientes esquizofrênicos, dando margem para formação de hipóteses acerca do envolvimento do estresse oxidativo na fisiopatologia da esquizofrenia. Resultados recentes mostraram que o tratamento com um inibidor da síntese de óxido nítrico (NO) foi capaz de reverter alguns destes déficits comportamentais no modelo MAM.
Considerando que o N-Acetil-Cisteína (NAC) é um precursor do GSH, também conhecido por sua habilidade de sequestrar NO, o presente estudo visou avaliar se o tratamento com NAC de forma aguda ou crônica é capaz de atenuar ou abolir déficits comportamentais gerados pelo MAM e se tal efeito pode ser revertido pelo precursor do NO, a L-arginina.
Dezesseis ratas grávidas foram tratadas com uma injeção i.p. de MAM (25 mg/kg) ou salina (grupo controle) no 17º dia de gestação. Na fase adulta, os filhotes machos receberam tratamento agudo ou crônico com NAC e foram submetidos aos testes comportamentais de inibição pré-pulso (IPP), interação social e hiperlocomoção induzida pelo psicotomimético MK-801, que avaliam respectivamente, o filtro sensório-motor, o comportamento social e a sensibilidade a um antagonista de NMDA.
No experimento 1, cada rato recebeu uma injeção i.p. de NAC (150, 250 ou 500 mg/kg) ou salina, uma hora antes dos testes comportamentais. No experimento 2, cada rato recebeu um tratamento crônico por 15 dias com NAC (250 mg/kg) ou salina e, nos últimos 5 dias, receberam também injeção i.p. de L-arginina ou salina diariamente, sendo submetidos aos mesmos testes comportamentais um dia após a última injeção. Os resultados indicaram que a dose de NAC mais eficaz em reduzir significativamente os déficits comportamentais observados em filhotes machos MAM foi a de 250 mg/kg. O tratamento crônico com NAC nesta dose em machos MAM foi capaz de reduzir a hiperlocomoção induzida por MK-801, aumentar a interação social e reduzir a resposta de sobressalto no teste de IPP. O tratamento com L-arginina reverteu os efeitos do NAC, aumentando, portanto, os déficits comportamentais nos animais MAM.
Os resultados indicam que o tratamento com NAC, tanto na forma aguda quanto crônica, foi eficaz em reduzir comportamentos em ratos MAM associados aos sintomas negativos, positivos e déficits cognitivos da esquizofrenia. Estes efeitos parecem estar diretamente ligados ao mecanismo de ação do NAC como sequestrador do NO. Resultados sugerem que o NAC pode apresentar efeitos do tipo antipsicótico que devem ser investigados com ensaios clínicos futuros.

Inda Lages Nascimento
Possui graduação em Psicologia pela Faculdade Integral Diferencial (2011). Possui especialização em Neuropsicologia no Centro Universitário Unichristus (CE). Tem experiência na área de Psicologia na função de Acompanhante Terapêutico e ministra cursos e palestras em Neurociências.
Foi Representante Regional no Piauí da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp) durante os anos de 2012 à 2014 e editora da revista da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. Mestre em Neurociência e Cognição pela Universidade Federal do ABC (UFABC) no Núcleo de Cognição e Sistemas Complexos da UFABC e desenvolve pesquisas na área de psicofarmacologia, neurofisiologia e cognição. Atualmente é aluna de doutorado junto ao programa de Neurociência e Cognição da UFABC.

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